Por: Julio Marcellino
11 anos se passaram, mas para o torcedor do Vasco parece que foi ontem. O apelido "time da virada" pode ser explicado por esse jogo, um jogo que mostra o que o futebol é capaz de nos apresentar, uma lição de vida em uma simples partida, que nem tudo está perdido.
O campeonato era a Mercosul, torneio criado em 1998 substituindo a antiga Conmebol. O Palmeiras foi o primeiro ganhador da competição e em 99 foi a vez do Flamengo.
Em 2000 20 clubes participaram e foram divididos em cinco grupos de quatro equipes. O Vasco ficou no grupo com Atlético-MG, Peñarol do Uruguai e San Lorenzo da Argentina. O clube da colina terminou na segunda colocação com dez pontos. Em seis jogos a equipe fez três vitórias, 1 empate e 2 derrotas.
Classificado o Vasco enfrentaria o Rosário Central da Argentina. No primeiro jogo em São Januário, o clube fez 1 a 0. No jogo de volta em Rosário, os argentinos deram o troco e venceram pelo mesmo placar, com isso uma terceira partida seria disputada. Em nova partida na Argentina o jogo terminou em 1 a 1, e a decisão se encaminhou para os pênaltis onde deu Vasco, 5 a 4.
Nas semifinais o clube carioca enfrentou o poderoso River Plate, liderado pelo ligeiro e habilidoso Ariel Ortega e o rápido atacante Saviola, mas o Vasco tinha suas armas com seu "quarteto fantástico", e com os Juninhos, Euller e Romário o bacalhau não tomou conhecimento e fez 4 a 1 em pleno Monumental de Nuñes. No jogo de volta em São Januário o Vasco foi mais piedoso e venceu por 1 a 0.
Na grande final um outro brasileiro, o Palmeiras, que já havia conquistado o torneio em sua primeira edição em 98 e foi vice-campeão em 99. O maracanã foi o palco do primeiro jogo entre as duas equipes e deu Vasco, 2 a 0 com gols de Juninho Pernambucano e Romário. Na segunda partida no Palestra Itália o Palmeiras venceu por 1 a 0 com gol de Neném.
Com os resultados as duas equipes forçaram um terceiro jogo, e o time paulista que tinha melhor campanha do que o Vasco, jogou em casa. Mais de 30 mil pessoas fizeram do Parque Antártica um mar verde, mas quem iria sair dali orgulhoso e feliz seria a manchinha preta e branca no estádio. O jogo começou com um Palmeiras avassalador com jogadas rápidas pelo lado com o Paraguaio Arce e logo esse domínio todo foi transformado em gols. A primeira tempo terminou em 3 a 0 para o Palmeiras com gols marcados por Arce, Magrão e Tuta. Parecia ali que tudo estaria perdido para o Vasco.
Na volta pra segunda etapa, Joel Santana recém chegado ao clube, coloca em campo Viola no lugar do volante Nasa. E parece ter tido efeito, era um outro Vasco que se via em campo e logo no começo o juiz marca pênalti em Juninho Paulista convertido por Romário. Minutos depois outro pênalti, outra vez em Juninho, e outra vez feito pelo baixinho, 3 a 2. O torcedor do Palmeiras já podia começar ali a desconfiar de um desastre, mas Junior Baiano parecia ajudá-los e com um carrinho desnecessário ganhou cartão vermelho. A partida se encaminhava para o fim, mas aos 40 minutos do segundo tempo Romário recebe na área e erra a finalização, mas a bola sutilmente sobra para Juninho Paulista que empurra pro fundo do gol, sim o Vasco empatou.
A tensão tomava conta do Palestra, e a torcida do Palmeiras parecia já sentir o pior, eis que aos 48 minutos do segundo tempo Viola arranca com a bola em direção ao gol, a bola é tocada, Juninho chuta e mais uma vez a bola carinhosamente sobra com o gol livre para Romário fazer a virada do século, 4 a 3 e um título inesquecível. Vasco campeão da Copa Mercosul.
Palmeiras 3 x 4 Vasco
20 de dezembro de 2000
Estádio Palestra Itália (São Paulo)
Gols: 1º tempo: Arce (Palmeiras), aos 36, Magrão (Palmeiras), aos 37, e Tuta (Palmeiras), aos 45 minutos ; 2º tempo: Romário (Vasco), aos 14, 23, 48 e Juninho Paulista (Vasco), aos 40 minutos.
Palmeiras: Sérgio, Arce, Gilmar, Galeano e Tiago Silva; Fernando, Magrão, Taddei e Flávio; Juninho e Tuta (Basílio). Técnico: Marco Aurélio.
Vasco: Helton, Clébson, Odvan, Júnior Baiano e Jorginho Paulista; Jorginho (Paulo Miranda); Nasa (Viola), Juninho Pernambucano e Juninho Paulista; Euller (Mauro Galvão) e Romário. Técnico: Joel Santana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário